Acompanhar o rio com os olhos 
presa à casa que navega
As mulheres ribeirinhas batem as roupas 
encharcadas em pedras imensas, 
uma pedra é o Corcovado

A casa sobre os trilhos 
des(água)

Continuo presa nessa dimensão 
onde Deus e os humanos são homens

Sonhei que era uma raiz rodopiante...
Carregando um pé de arruda 
benzia a casa toda,
meu corpo
o fogão à lenha 
Depois, pela janela
via o mundo dormindo tranquilo

Não lembro o que dizia...
As raízes tocavam minhas coxas 
de onde cresciam outras raízes
que abraçavam tuas pernas

Minha língua era imensa 
e percorria teu corpo nu
Tenho medo da tua poesia, você disse

Vagarosamente, recolhi língua e raízes 
e fui embora
Você sempre disse que medo é o contrário de amor

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