Leia uma entrevista do nosso editor Marcelo Nunes
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ENTREVISTA COM ESCRITOR: Marcelo Nunes, seus livros e a Editora Nauta por Cida Simka e Sérgio Simka
Publicada na revista Conexão Literatura em 19 de junho de 2024
Fale-nos sobre você.
Meu nome é Marcelo Nunes, e nasci em São Paulo em 1966. Trabalhei 30 anos como tradutor, e no ano passado resolvi abandonar a tradução e abrir uma editora, a Nauta, que iniciou suas operações em setembro. Também sou escritor, e já publiquei três romances: “Nirvana”, pela Kotter Editorial, em 2021, “Valentina e os tomates”, pela Editora Ipêamarelo, em 2022, e acabo de publicar “O domínio da violência”, pela Nauta. Publiquei também um livro de contos, “Travessia marítima”, pela Nauta, em 2023.
Fale-nos sobre seus outros livros.
Eu comecei a escrever ainda na adolescência, e escrevia principalmente poesia. A partir dos 30 anos, decidi escrever romances, e fiquei muitos anos me desenvolvendo, escrevendo e estudando. Escrevi três romances que nunca foram publicados, até que publiquei o meu quarto romance, “Nirvana”, já com 54 anos de idade. Ou seja, eu comecei muito cedo, mas publiquei bem tarde. Trata-se de um romance longo, de fundo filosófico, no qual trabalhei três anos. Talvez por isso agora eu tenha decidido escrever romances menores e mais simples, como é o caso de “Valentina e os tomates” e “O domínio da violência”. Há dois anos, eu decidi escrever contos, e revisitei algumas ideias para romances que eu havia anotado, e o resultado foram os oito contos de “Travessia marítima”. Eu gostei bastante do resultado, modéstia à parte.
Você é fundador e editor-chefe da Editora Nauta. Fale-nos sobre trabalho à frente da editora.
Eu divido o trabalho do editor em duas partes: tem a parte de edição mesmo, que é ler os originais, revisar, fazer capas, diagramar, conversar com os autores; e tem a parte burocrática, de fazer contratos, manter o site, contatar livrarias, emitir nota fiscal, fazer inscrições em prêmios etc. Eu gosto muito da primeira parte, e desgosto muito da segunda. Infelizmente, como um editor independente, de uma pequena editora, eu preciso fazer tudo sozinho. Mas a parte de editor mesmo compensa, porque o resultado são livros bonitos e caprichados.
Como analisa a questão da leitura no país?
É a velha queixa de todos: as pessoas leem pouco, e as que leem compram pouco, porque o livro é caro e o poder aquisitivo do brasileiro é baixo. Esse é o grande desafio de um editor como eu: encontrar leitores. Porque o leitor médio compra pouco, e quando compra, prefere autores consagrados, ou livros conhecidos, premiados. É muito difícil fazer com que ele gaste o seu dinheiro num autor novo, ainda desconhecido. Essa é a nossa luta diária.
Uma pergunta que não fizemos e que gostaria de responder.
Se tudo isso vale a pena. Eu responderia que sim, vale muito a pena. Eu acredito na literatura, e acredito no livro físico. Não há sensação melhor do que pegar um livro novo, abri-lo e cheirá-lo, antes de começar a ler. É uma relação que também é tátil, quase sensual. E depois você mergulha naquela história, é transportado, é tocado pelo que lê. O livro tem um poder transformador. E, para mim, o mais importante é isso: nós precisamos ler os clássicos e os escritores consagrados, mas também precisamos conhecer aqueles que estão escrevendo hoje, a literatura atual. O meu trabalho, a minha missão, é essa: encontrar e publicar esses autores novos, que estão espalhados por todo o país.
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