Ficha técnica:
Título: Sob a ira do mar
Autor: Benoni Araujo
Gênero: Poesia
Capa: Italo Brito
Ano de publicação: 2024
Edição: 1ª
Dimensões: 14 x 21 cm
Acabamento: brochura
Número de páginas: 108
ISBN: 978-65-982692-6-5

Sobre o autor:
Benoni Araújo - editor e poeta - há mais de uma década lançou "não por acaso dispersos" [2008]. De lá para cá outras 'cartas' escritas, outras experiências com a linguagem, que singra incansável por estas margens, e assim apresenta "sob a ira do mar". Estas 41cartas-poemas amarradas com cordas de marinha ou 41 textos-mapas enrolados & perdidos no interior de uma baleia, de uma garrafa ou de um livro... tanto faz, o que importa é a sede & o desejo de buscarmos o encanto...
Sobre o livro:
as cartas amarradas & perdidas
se você pudesse mergulhar em meio às agitadas ondas do mar, e imergir verticalmente ao fundo, ali descobriria um outro mar em sua misteriosa leveza, e que conduz alguns ao silêncio [todos experimentariam o tempo e o espaço|lugar vazio - próprio da imaginação!] ali aonde deus|noé se tornaram a própria arca; homero|ulisses tornaram possível a mudez das sereias; melville|achab se tornaram a moby dick e hemingway|santiago envelheceram o mar... o mar - como a própria arte - oferece-lhes enigmas, mas nenhum herói [blanchot]. lançar ou içar âncoras é uma decisão das mais difíceis, por envolver destinos: quando devemos partir|como saber que chegamos? o certo é que temos a frente sempre algo desconhecido, ignorado, estranho... e isto pode nos estagnar e|ou nos atrair, algo que nos convida ao imaginário. há aqui um mar aberto-fechado [ambíguo como território propício à imaginação, como signo que se desafia à decifração. "sob a ira do mar" [2008] designa este movimento ambíguo: inspirar|respirar; distanciar|aproximar; uma experiência de imagens & de afetos para se contemplar & impulsionar-nos! qual a importância poética de "sob a ira do mar", de benoni araújo, para a poesia contemporânea?
em tempos em que todos, seja por medo ou coragem, defendemos lugares, posições, identidades, ela serve para nos lembrar que os lugares são apenas pontos de partida para o que é mais importante poeticamente: o devir. sua poética é, portanto, a da navegação, mas a sua navegação não é a de superfície, tão comum nesses tempos de internautas e de excesso de informações que dizem o mesmo vazio, nem é uma poética apenas da viagem, cujo desejo é chegar a um destino, uma áfrica, uma índia, uma américa ou uma ítaca; o vocábulo “sob” nos dá a dimensão de uma proposta de poética do viajar a partir da profundidade, de um navegar programaticamente impreciso, o que já se esboçara no título do seu livro de estréia, "não por acaso dispersos". esse é o risco do percepto a que essa poesia nos convida, não parar, um ethos errático cujo devir impacta não somente o nosso estar, mas também o nosso ser, tornando-o em um sendo em constante mudança. assim o ser poético em benoni araújo se aproxima da origem da palavra poesia: ser para a criação, o perigo para que busca a estabilidade do mundo.
clei souza